PIX: a ferramenta que promete modernizar transações bancárias
O que é? Modalidade de pagamentos e depósitos instantâneos, que vai entrar em vigor no país em novembro.
Cadastros em agências começam em 5 de outubro e adesão é opcional.
Nas últimas semanas, diversas instituições financeiras começaram a anunciar uma nova modalidade de pagamentos
instantâneos desenvolvida pelo Banco Central.
Com a promessa de revolucionar as transações bancárias e trazer inclusão, o PIX entra em operação no país a partir de novembro. Os cadastros, porém, começam em 5 de outubro e serão realizados pelas plataformas digitais de cada agência.
E O TEMPO explica como essa ferramenta vai funcionar. O PIX possibilita a realização de pagamentos instantâneos, sem limite de horário. A ferramenta é considerada a evolução dos tradicionais TED e DOC, atualmente utilizados para transferências bancárias entre contas. “É um sistema que vai substituir o que já temos hoje, só que é mais rápido e integrado. Não serão mais necessárias tantas identificações para fazer uma transferência, como o número de agência, conta, CPF e nome do titular. Basta fornecer o nome cadastrado na chave”, explica o economista e coordenador do curso de Administração do Ibmec BH, Eduardo Coutinho.
Cada pessoa física pode fazer até cinco chaves para realizar e receber
transferências (veja os detalhes ao lado). As instituições com mais de 500 mil clientes são obrigadas a oferecer a modalidade de pagamento, já as demais têm adesão voluntária – mais de 932 empresas solicitaram participação. Para a partner and head comercial da 3A Investimentos, Fernanda Della Monica, a iniciativa do Banco Central torna transferências e pagamentos mais práticos e democráticos. “A TED e o DOC só funcionam por um período, nos dias úteis, e o dinheiro não cai na hora. Nesse novo
meio, isso vai ocorrer 24 horas por dia. O Brasil é pioneiro em sistemas de pagamentos e avança na digitalização financeira”, comemora. TRANSAÇÕES EM DEZ SEGUNDOS. O CEO da U4cryto, fintech mineira que oferece uma plataforma para bancos digitais, Túlio Iannini, lembra que, com o PIX, as transações vão ser muito mais rápidas e gratuitas para operações entre pessoas físicas. “No TED, por exemplo, a média que os bancos cobram é R$ 12. Outro ponto que deve mexer muito com a vida dos correntistas é o de não ter que informar agência e banco. Essa mudança foi impulsionada pelas fintechs, que mudaram a forma do mundo financeiro de trabalhar”, complementou.
Alerta: inovação aumenta a chance de golpes
Junto com a inovação e a facilidade trazida pelo PIX, também crescem as possibilidades de golpes. O alerta é dado pelo especialista em sistemas de segurança e CEO da JMM Tech, Ernani Miranda Machado. “O estelionatário pode mandar um SMS ou até um e-mail simulando que é de determinado banco, com um link falso, para roubar os dados do cliente. As instituições nunca iriam mandar esse tipo de mensagem. Vale reforçar que os cadastros das chaves vão ocorrer sempre na página na internet do banco ou pelo aplicativo”, afirma. Em caso de dúvidas sobre a autenticidade das mensagens, o especialista aconselha a buscar a informação no banco. “Os golpes já existem, isso está acontecendo. O criminoso rouba esses dados e faz o que quiser com as informações. É preciso ficar atento sempre”, disse. (LM).
Pagamento por QR Code vai cair na hora
O pagamento por QR Code é outra grande novidade trazida pelo PIX. Inicialmente, estão previstas duas modalidades: estático, usado para transferências ou no comércio quando as informações de pagamento não mudam; e dinâmico, quando o valor final varia a cada compra. “Posso pegar o QR Code, digitar o valor e fazer o PIX. É uma grande tendência que vai fazer com que o boleto bancário deixe de ser usual”, contou Túlio Iannini. Segundo o CEO, as mudanças vão agilizar pagamentos pelo ecommerce. “Se você for fazer uma compra atualmente, o boleto demora até três dias para ser compensado, e a compra só é confirmada depois. Isso é ruim para quem compra e vende. Caso a pessoa queira optar pelo PIX, será tudo na hora. Muitas pessoas usam o boleto para conseguir desconto ou por não ter cartão de crédito”, complementa. No próximo ano, o Banco Central prevê ainda a implantação de saques em comércios e estabelecimentos que aderirem ao PIX. “Uma loja que recebe muito pagamento em dinheiro e paga altas taxas para as empresas de transporte de valores vai poder oferecer saques e ter o pagamento na hora”, enfatiza Iannini. (LM).
Matéria publicada pelo jornal O TEMPO